Motivar é extrair o melhor de uma pessoa. É incentivá-la a buscar novas experiências, a testar seus limites. Acreditar em sua plena potencialidade. Por outro lado, se você já sentiu desânimo de começar o dia, iniciar suas tarefas e finalizar projetos, sabe muito bem que a desmotivação é capaz de frear uma pessoa, limitando sua criatividade e impedindo-a de se destacar em uma atividade. É como se uma luz fosse apagada internamente.
No trabalho em equipe e, sobretudo, em uma posição de liderança, você é a pessoa que faz o time brilhar, ou que apaga essa luz com atitudes desmotivadoras? Nas pesquisas de clima organizacional, alguns erros são identificados com maior frequência, levando resultados negativos à empresa, como baixa produtividade, conflitos internos, queda na qualidade do trabalho, alta rotatividade (turnover), entre outros problemas. Conheça os comportamentos que mais desmotivam uma equipe e veja se você não está adotando algum deles:
Excesso de atividades ou acúmulo de funções
A sobrecarga de trabalho é uma das principais causas de desmotivação dos colaboradores. Distribua as demandas de forma equilibrada entre os membros da equipe. Incentive a troca de informações e a ajuda mútua. Verifique também se os prazos estão sendo estipulados de forma consciente. Durante a pandemia, os casos de burnout cresceram assustadoramente. É hora de ter mais empatia, ouvir mais e procurar entender se o excesso de tarefas, horas extras, reuniões e cobranças estão afetando a saúde mental dos colaboradores.
Pouca autonomia
Uma gestão controladora passa a mensagem de que os colaboradores não são capazes de tomar boas decisões sozinhos. Uma das atitudes mais castradoras é mandar as pessoas executarem alguma tarefa, sem ao menos dizer porque aquilo é importante. Aprenda a dizer o que você espera como resultado e delegue. Apoie o aprendizado, desenvolva talentos que estão adormecidos. Envolva o time no processo de criação e na tomada de decisões. Modelos de gestão inflexíveis e centralizadores estão ultrapassados.
Falta de reconhecimento
Reconhecer um bom profissional é recompensá-lo, de alguma forma. Afinal, ele dedica grande parte de seu tempo e conhecimento ao cargo exercido. Atitudes simples fazem a diferença. As pessoas sentem-se valorizadas quando seu nome é citado em reuniões, em cases de sucesso, servindo de exemplo para os demais funcionários. Além do reconhecimento público, existem outras formas de premiar um bom desempenho: aumento de salário, promoção, oferta de comissão, efetivação, um plano de crescimento na empresa, investimento em treinamentos e cursos.
Rotina monótona, poucos desafios
Existe uma razão para que empresas como o Google incentivem seus funcionários a investir parte do seu tempo de trabalho para desenvolver projetos pessoais. É essencial para criar uma cultura de inovação e aprendizado contínuo. As pessoas sentem-se valorizadas, estimuladas para criar e testar novas ideias, e os benefícios são revertidos à própria organização. Por outro lado, quando o colaborador sente que seu crescimento está estagnado, perde a motivação e começa a trabalhar no modo automático.
Falta de feedback
Todos esperam um retorno positivo, em reconhecimento a um trabalho bem-feito. No entanto, ao notar que a pessoa está com alguma dificuldade na realização de alguma tarefa, ou precisa desenvolver alguma habilidade específica, é válido dar um feedback que ressalte os pontos de melhoria. E mais que isso: oferecendo ajuda, mostrando empatia e confiança na capacidade de resolução do colaborador. Ao invés de apontar as falhas, seja um incentivador da mudança.
Conflitos na equipe
Um bom líder deve estimular a colaboração, e evitar todo tipo de conflito gerado pela competição e disputa de poder dentro da empresa. Ao invés de uma gestão autoritária, vamos fomentar um convívio mais harmônico e inclusivo, em que todos têm voz para sugerir novas ideias e propor melhorias. Um ambiente individualista e de pouca cooperação é um fator importante de desmotivação no trabalho.
Salários abaixo da média do mercado
A remuneração não é o único fator que influencia na satisfação dos colaboradores, mas é um grande motivador. Com o passar do tempo, a tendência é que a pessoa se sinta cada vez mais desvalorizada e até mesmo “explorada” pela empresa. Mais grave ainda é quando existe diferença salarial entre colaboradores do mesmo nível hierárquico, ou pior, colaboradores do mesmo cargo, mas de gêneros diferentes.
Metas inatingíveis
Para criar boas metas, basta seguir o conceito SMART, sobre o qual já falamos aqui em outro artigo: elas precisam ser específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e devem ter um tempo (prazo específico) para serem atingidas. Metas pouco desafiadoras nos acomodam, mas as exageradas, desmotivam. O colaborador irá fazer de tudo para conquistar um objetivo, mas desde que o desafio lhe pareça possível.
Eduardo Mendes é sócio do grupo Master Mind Brasil, especialista em Gestão Estratégica e Liderança pela University of California, San Diego – School of International Relations and Pacific Studies.