Se você sofre algum bloqueio na hora de tomar decisões, tem o hábito de procrastinar ou transferir essa responsabilidade a outros, por medo de falhar e para evitar cobranças, é melhor começar a enfrentar esse tipo de responsabilidade: no mundo corporativo, líderes são escolhidos especificamente por seu poder de decisão. Por sua habilidade em criar soluções para resolver qualquer conflito.
Todos nós, consciente disso ou não, tomamos decisões com base em alguns mecanismos. Quando precisamos agir rapidamente, acionamos nosso instinto de sobrevivência. É como se usássemos nosso cérebro primitivo e abandonássemos a razão. Agimos assim quando nossa vida é colocada em risco, como em um assalto, por exemplo. Mas nas questões profissionais, essa não é a melhor forma de fazer escolhas, certo? Com cautela, podemos até dar voz à intuição, ao nosso “faro” para decidir o melhor caminho. Mas ainda assim, não é o suficiente.
Também tomamos decisões confiando em nossas experiências. Repetimos o que deu certo e evitamos o que falhou, de modo automático. Para decisões simples, esse mecanismo funciona. Mas para decisões complexas, que impactam o futuro de um projeto, ou mesmo da empresa, é necessário recorrer à mente analítica. Reunir dados, avaliar riscos e as consequências de cada possibilidade, de cada escolha. Então, chegamos à primeira das várias dicas para tomar boas decisões:
Ouça seus clientes
Nossos parceiros ou clientes são o melhor termômetro. Pergunte, faça uma pesquisa de satisfação. Coloque no papel pontos positivos e negativos. Se você trabalha com vendas, é preciso entender hábitos do consumidor, analisar tendências de mercado, fazer um levantamento com base em números e a partir desses indicadores, tomar as decisões necessárias.
Treine a mente
Decidir também é uma questão de treino. Comece com pequenos desafios. Quando acertamos, o cérebro libera neurotransmissores como a dopamina, que nos dá uma sensação de entusiasmo e bem-estar. Isso nos enche de confiança para novas decisões. O fato é que não iremos acertar sempre. Mas gestores de sucesso sabem enxergar as falhas como aprendizado. Para decisões menos complexas, inclua a equipe nas discussões. Assim você estimula a participação de todos e ainda treina a responsabilidade compartilhada, estreitando o relacionamento com o time.
Imagine o pior cenário
Visualize os cenários mais desafiadores: o que precisará ser feito caso sua decisão não dê os resultados esperados? O que de pior poderia acontecer? Visualize possíveis problemas antes que eles aconteçam. Assim, novas soluções surgem e você já tem seu plano de ação para colocar em prática, em um cenário incerto.
Analise as possibilidades
Aja com praticidade. Diante de um problema que precisa de solução, coloque na balança todas as suas possíveis decisões. Para ter mais clareza, coloque tudo no papel, faça uma lista de prós e contras, visualize as perdas e ganhos, riscos e benefícios. Quais são os fatores críticos de cada opção? Os riscos compensariam as perdas, caso acontecessem? Às vezes, as possíveis perdas são tão pequenas, que justificam testar, experimentar caminhos mais ousados. Nossa mente, por proteção, nos sabota: somos levados a escolher a opção mais segura em vez daquela que traria uma grande transformação em nossa rotina.
Consulte pessoas leais
Nos momentos em que precisamos fazer uma grande escolha, é necessário abrir a mente para outros pontos de vista. A perspectiva do outro pode trazer novos insights ou confirmar suas convicções, o que trará ainda mais conforto.
Evite tomar decisões baseadas somente na sua visão da situação. Fale com pessoas confiáveis e, sobretudo, isentas e imparciais, que possam opinar com transparência e sinceridade.
Menos é mais. Pense com simplicidade
Todos os dias somos bombardeados por uma quantidade enorme de informação. Isso pode nos induzir a erros. Quando restringimos as opções, tomamos melhores decisões. Pergunte-se: qual a decisão mais simples que posso tomar? O psicólogo Barry Schwartz fala sobre isso em seu livro “O paradoxo da escolha – por que menos é mais”. Segundo ele, sofreríamos menos para decidir se pudéssemos diminuir nossas possibilidades de escolha. Enquanto existem pessoas que decidem pela opção mais satisfatória, “boa o suficiente”, outras vivem numa busca incessante pela opção perfeita. Isso gera angústia e afeta nosso poder de decisão.
Foco no que importa
Ao eliminar pequenas decisões, você economiza energia para as que realmente irão causar um grande impacto, e necessitam de foco e atenção plena. Pessoas de sucesso, como Barack Obama, Steve Jobs e Mark Zuckerberg, agem dessa forma. Não perdem tempo com pequenas escolhas, como a roupa que irão vestir. De acordo com os neurocientistas, o cérebro humano não faz distinções: todas as decisões, simples ou complexas, consomem praticamente a mesma energia.
Outra dica é nunca tomar decisões quando estiver em situação de desequilíbrio das emoções, provocado estresse, cansaço, fome, irritação e mau humor.
Decida baseado em seus valores e estabeleça prazos
Confie no que você acredita como ético, justo e verdadeiro. Seguindo essas virtudes, as chances de errar ao tomar uma decisão importante, diminuem. Tenha propósitos sólidos e objetivos claros que não prejudiquem o coletivo. Por fim, entenda que nem todas as decisões podem esperar. O tempo gasto na procrastinação, na dúvida e no medo de falhar pode significar a perda de grandes oportunidades.
Eduardo Mendes é sócio do grupo Master Mind Brasil, especialista em Gestão Estratégica e Liderança pela University of California, San Diego – School of International Relations and Pacific Studies.