Você já ouviu falar de employer branding? Ao pé da letra, a tradução “marca empregadora” pode parecer estranha, mas o conceito é bastante popular no meio corporativo: a forma como uma marca se posiciona para atrair e reter os melhores talentos.
A ideia é construir uma reputação poderosa de sua marca, despertando mais do que interesse, e sim, o desejo de milhares de pessoas de disputar uma vaga de emprego. A Google faz isso como nenhuma outra. Mas como ela atingiu esse patamar? Uma soma de fatores: ambiente descontraído de trabalho; flexibilidade de horários; permissão da entrada de pets; incentivo à inovação e desenvolvimento de projetos pessoais; além, é claro, de remuneração atraente. Empresas que entendem o que é employer branding geram uma percepção positiva da sua marca, e por consequência, “tiram” da concorrência os profissionais mais competentes do mercado.
Além de atrair e reter os melhores talentos, a empresa reduz custos com contratação, pois tem baixo turnover (rotatividade dos funcionários). O tema é tão relevante que o LinkedIn elaborou o guia Employer Branding Essentials, baseado nas dicas e práticas comuns adotadas pelos “top attractors”, isto é, pelos empregadores mais disputados do planeta. Caso tenha interesse, você pode acessar esse documento na íntegra (veja o link no final deste artigo).
Agora, vamos abordar as duas frentes que precisam ser trabalhadas simultaneamente, por todas as empresas que desejam construir um bom employer branding:
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PÚBLICO EXTERNO: crie uma imagem positiva
Pense em estratégias que aumentem a percepção de valor da sua marca. Promova ações que estimulem nas pessoas a vontade de fazer parte de sua equipe ou permanecer trabalhando para você.
Um bom exemplo é a Ri Happy. Em 2019, a empresa de brinquedos virou notícia na mídia por abrir vagas para contratação apenas de mães com dificuldade para regressar ao mercado de trabalho. Essa estratégia gerou empatia no público, especialmente o feminino, elevando a reputação e percepção de valor da organização.
Outra ação que viralizou nas redes, ganhando a atenção do público em geral, foi promovida pela Booking. Com o projeto “One Mission”, a empresa forneceu uma câmera GoPro a seus 14 mil colaboradores, pedindo que eles registrassem suas aventuras durante suas viagens de férias. Ações desse tipo são inteligentes, pois fazem dos próprios funcionários “embaixadores da marca”.
A empresa farmacêutica Takeda é sempre citada em listas das melhores empresas para se trabalhar. Em uma campanha, começou a engajar o público interno, incentivando o uso da hashtag #WeLoveTakeda em suas redes sociais. Deu tão certo que hoje é um dos mais citados cases de sucesso de divulgação espontânea de marca. Desse modo, os próprios funcionários tornam-se promotores do negócio, alimentando uma rede de candidatos interessados em trabalhar no lugar. Uma empresa que desperta admiração tem mais chances de atrair talentos, reunir diferentes expertises e montar equipes de alta performance.
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PÚBLICO INTERNO: engaje os colaboradores
Cuide para que as condições de trabalho sejam as melhores possíveis. Em tempos de pandemia, atenção à saúde mental dos colaboradores: reveja políticas de home office, divisão de tarefas e excesso de reuniões online.
Ofereça um ambiente agradável, inclusivo e estimulante, onde o funcionário se sinta motivado. Reveja políticas de benefícios, plano de carreira, invista no aprendizado contínuo, crie oportunidades de crescimento. Escute mais, faça pesquisas internas de opinião, envolva o colaborador nos processos. Exercite a escuta ativa, estimule a troca de ideias entre os times e a liderança. Todos gostam de ser consultados, de ter sua opinião validada. Esse feedback é importante para a melhoria contínua da gestão de pessoas.
Lembre-se: as empresas mais reconhecidas são as que estimulam o potencial produtivo de seus funcionários. Além de serem “assediadas” por profissionais talentosos, os atuais colaboradores se empenham ao máximo para permanecer no time. O resultado são equipes muito mais eficientes, colaborativas e robustas, preparadas para lidar com desafios. Tudo isso reflete na percepção que os clientes finais têm sobre a marca, gerando, por consequência, o aumento das vendas e fechamento de novos negócios.
Eduardo Mendes é sócio do grupo Master Mind Brasil, especialista em Gestão Estratégica e Liderança pela University of California, San Diego – School of International Relations and Pacific Studies.